Taurepang — Pemon

David J. Phillips

Autodenominação: Pemon que significa ‘gente’ ou povo’. Ma Pemon é usado também pelos Arekuna, Kamarakoto e Macuxi (Andrello 2004).

Outros Nomes: Taulipang, Tapua-Xavante, Tapuya, Tapuia (DAI/AMTB 2010).

População: Brasil: 582, Venezuela: 21.000 (DAI/AMTB 2010). Brasil: 673 (FUNASA 2010), Venezuela 27.157 (INE 2001). População étnica: 22.300 (SIL). Guyana: 480, Brasil: 530 (SIL).

Localização: Na área da Raposa Serra do Sol, Roraima, Brasil, e na bacia do rio Caroni e em seus afluentes, na região da Gran Sabana, Estado Bolivar, Venezuela.

No Brasil: no rio Branco, Roraima. Na Guyana: Alto Mazaruni, Paruima, Kaikan.

Terra Indígena São Marcos, RR, de 654.110 ha na fronteira com a Venezuela, estendendo ao sul até a confluência dos rios Uraricoera e Tacuti, cortada pela rodovia BR-174 que liga Boa Vista com Manaus ao sul e a fronteira ao norte, homologada e registrada no CRI e SPU, com 4.781 Makuxi, Wapixana e Taurepang (CIR 2010). Vivem no norte da T. I.

T. I. Raposa Serra do Sol, RR, de 1.747.464 ha, contígua à T.I. São Marcos, entre a fronteira com a Venezuela e a margem direita do rio Tacutio, homologada e reg. no CRI e SPU, com 21.362Ingarikó, Makuxi, Patamona, Wapixana e Taurepanga (SIASI/SESAI 2012). Há uma aldieia Tuarepang nesta T. I. (Andrello 2004).

Língua: Pemon ou Pemong (SIL), Taurepang, do tronco linguístico Karib. Dialetos: Arecuna (Arekuna, Aricuna, Daigok, Jaricuna, Kamaragakok, Pemon, Pishauco, Potsawugok, Purucoto), Camaracoto, Taurepan (Taulipang). Os jovens estão se tornando bilíngue em espanhol ou inglês. Dicionário e gramática produzidos. Porções bíblicas traduzidas 1990 (SIL).

História: Os Pemon ou Taurepang ocupavam um vasto território da savana Venezuelana de um ponto fronteiriço entre Venezuela, Brasil e Guiana Inglesa, até o rio Amajari. No século XVIII houve o primeiro contato quando a capitania de São José estabeleceu fazendas de gado na área. Os indígenas eram concentrados em aldeamentos pelo governo colonial que provocou uma revolta. Em 1790 revoltaram mas sem resultado positivo e o Governador da capitania estendeu sua ocupação da terras indígenas através do gado. Também o avanço brasileiro provocou atrito com a Guina Britânica (Guyana), e as fazendas se consolidou no território de São Marcos e os índios passaram a ser mão de obra dos pecuaristas. No século XIX os Taurepang eram reconhecidos pelos nomes Arekuna ou Jarecuna (Silva s.data.).

In 1927 Cel. Rondôn foi recebido pelos Makuxi e Wapixana como o campeão dos índios. Eles queixaram que o maior problema era a segurança das suas terras, e o mal trato pela policia que causava os índios para passar pela fronteira para a Guyana. Os inglês atraem os índios mas os Brasileiros os perseguem (Hemming 2003.476). O SPI tomou conta da fazenda de São Marcos, na confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, com um Posto Indígena na sede da fazenda e os indígenas receberam atendimento médico, uma escola agrícola e uma escola indígena. O SPI conseguiu parar as invasões de outros fazendeiros. O maior pedido dos indígenas era a demarcação de suas terras. Porém na década 30 do século XX a atividade do SPI diminuiu, por 1967 a situação do rebando de gado ia diminuindo, e muitos dos índios migraram para os países vizinhos (Andrelo 2004). Os missionários britânicos atraem os índios nos anos 40, o tratamento pelos missionários contrastou com a crueldade dos fazendeiros e autoridades brasileiros. Também a população dos Makuxi diminuiu devido à malária e pneumonia. Ambos os Makuxi e os Wapixana eram bem adaptados ao trabalho da fazenda (Hemming 2003.476).

Mas nos anos 40 a fazenda São Marcos estava em declínio. A situação dos índios era péssimo. mas por 1950 os tuxaua dos Makuxi começaram a reagir. Os padres Consolatas italianos eram ativos em encorajar os índios para reivindicar seus direitos (Hemming 2003.478). A Missão Evangélica da Amazônia (UFM-Crossworld) evangelizou doze aldeias nas savanas. Os Adventistas do Sétimo Dia trabalharam em três aldeias dos Taurepang. A maioria dos Taurepang sabiam ler. Todas as três missões influenciaram os lídres dos Pemon e dos Makuxi durante os anos 70 para se reunir e sua atitude era mais e mais política e queixando a perda dos seus territórios (Hemming 2003.480).

O total de invasões na fazenda São Marcos em 1979 era de 91, e em 1995 cresceu para 106. Em 1969 a FUNAI transformou a fazenda em Colônia Indígena Agropecuária. A construção da rodovia BR-174, que liga Manaus a Boa Vista e a fronteira venezuelana, intensificou a invasão do território indígena e uma linha de transmissão de energia do Eletronorte foi implantada ao longo da rodovia, porém os fazendeiros saíram. Nos anos 80 com a projeto Calha Norte era proposto transformar todas terras de índios aculturados em ‘colônias’ para encorajar a população da região. A cidade de Pacaraima e posseiros na rodovia já eram dentro a fazenda São Marcos. Também 1.000 hectares foram tirado para um posto do exército. Mas os fazendeiros saíram em abril 2002 depois lutas legais. Vivem na T. I. São Marcos com os Makuxi e os Ingarikó (Akawaio).

Estilo da Vida: Vivem em aldeias com contatos com seus vizinhos, os Makuxi e Waxpiana, na T. I. São Marcos. Plantam nas roças das famílias especialmente mandioca e banana, mas também milho, feijão, cará, taioba, batata, abóbora, cana, macaxeira, inhame, mamão, melancia e laranja. Também cultivam quintais em torno das casas, plantados com ingá, caju, manga, limão, tangerina, goiaba, pupunha, coco, graviola, castanha, abacate, algodão, etc. As roças pertencem aos indivíduos e as tentativas de ter roças coletivas frustaram-se. Cada família têm uma em preparação, outra em produção e uma terceira deixada para capoeira (Andrello 2004).

O norte da Terra Indígena contêm a floresta alta com os animais de caça de grande porte, porém não é aproveitada devida ao abandono de arco e flecha, zarabatana e armas pelos índios das duas aldeias de Bananal e Nova Esperança. Também os adventistas não comem carne de porco. Por isso a carne consumida é comprada nos açougues da Vila de Pacaraima. Há criação de galinhas, carneiros e suínos. A pesca nas cabeceiras dos rios é de peixes pequenos e piabas.

A coleta de frutos é de açaí, bacaba, bacuri, buriti, castanha do mato, inajá, ingá, jenipapo, taperebá, urá, tucumã e patauá. Vendem no comércio de Pacaraima banana, farinha, beiju, goma e tapioca. Os homens trabalham de vez em quando como pedreiro ou diarista nos raçados. Roupa e calçados são comprados na cidade venezuelana de Santa Elena. Cada aldeia também tem rebanhos de gado, coletiva e individual, e um homem designado de ser vaqueiro, que recebe cada quarto cria que nasce para seu próprio rebanho (Andrello 2004).

Sociedade: As aldeias mantêm contato mas são autônomas. A organização é baseada na parentela bilateral. O casamento preferido é entre primos cruzados, e a tendência é à residencia uxorilocal. Então o grupo local é composto do sogro com os homens casados com suas filhas. Mas com o nascimento os netos o grupo local dispersa quando os genros voltam para suas parentelas de origem. Assim as aldeias passam por diversos períodos conforme a composição dos grupos locais. As aldeias têm um professor indígena.

Artesanato:

Religião: Os conceito fortes deste povo são Upatá que significa ‘lar’ e Patasek, ‘lar’ ou ‘casa’. Os xamanismo é chamado taren para influenciar os espíritos que surgiram no tempo Pia Daktai.

Os Taurepang migraram em direção à fronteira venezuelana no fim do século XIX, devido aos movimentos proféticos chamados Aleluia na região, e aldeias grandes eram formadas. Os profetas receberam seu ensino de missões britânicas na Guiana Britânica e usaram jornais em inglês como textos sacros. Viajavam pela região alcançando os Taurepang no rio Branco, mas fosse os Macuxi que transmitissem lhes a doutrina primeiro. No início do século XX os missionários adventistas chegaram nas aldeias Taurepang do Monte Roraima. Os pastores O. E. Davis e A. W. Cott estavam nas aldeias entre 1926 e 1931 e plantaram igrejas e ensinaram inglês aos índios. Jeremiah que era adepto do movimento Aleluia mas também adotou os ensino adventista era líder na aldeia Kauarianá Taurepang. O missionário morreu pela feitiçaria ingarikó, porque recusaram abandonar a poligamia. A aldeia vizinha de Teuonok prestou mais atenção ao ensino católica do que as pregações do pastor O. E. Davis e houve atrito entre as duas. Pastor Cott permaneceu na aldeia de Akurimã até 1931 e esta chegou a ser o maior centro da crença com 900 indivíduos. Rondon chegou com a Comissão de Inspeção de Fronteiras em 1927 e tentou atrair os Taurepang de volta para o território brasileiro. Em 1931 Cott foi expulso pelo governo da Venezuela e os franciscanas começaram a trabalhar na região, e muitos Taurepang resistiram os católicos, a aldeia Akurimã desintegrou e diversos grupos continuaram na crença adventista (Andrello 2004).

Cosmovisão: Os Pemon acreditam que os mitos aconteceram em um tempo diferente chamado Pia Daktai. O herói criador é Makunaima que passa por diversas aventuras. Os Taurepang têm um conhecimento extenso do seu meio ambiente e acreditam em espíritos malfeitores, que contribuem a desintegração e dispersão de aldeias.

Comentário:

Bibliografia:

  • ANDRELLO, Geraldo, 2004, ‘Taurepang’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/taurepang.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.
  • SILVA, Gustavo Rodrigues , ‘Taurepangue’, Wikinativa (acessado 30 de janiero 2015). pt.wikiversity.org/wiki/Wikinativa/Taurepangue.