Tawandê — Tawxantesu

David J. Phillips

Autodenominação: Tawxantesu, o grupo Namikwara da Serra Norte, o mesmo que Tawenté e Twandê. Em alguns estudos assimilados aos Sabanê (veja o perfil). Da’wandê, Yâlãkuntê (Latundê) (Miller 2008). Anunsu significa ‘gente’ (Miller 2008).

Outros Nomes: Da’wan’du, Tawaindê (SIL). Tagnani (Moreira da Costa 2008.69). O termo Nambiquara, que em língua tupi significa “orelha furada”, passou a ser amplamente utilizado para fazer referência a este povo a partir dos contatos com os integrantes da Comissão de Linhas Telegráficas, a Comissão Rondon. No entanto, para os Nambiquara, esses subgrupos compõem uma unidade maior, apesar de diferenças dialetais. Para eles, o que determina o critério de pertencimento destes subgrupos ao agrupamento maior são os furos no septo nasal e lábio superior.

População: 17 (DAI/AMTB 2010), Latundê 23 (2001), menos de 20 (2011 Braga e Telles 2014.63, veja o perfil).

Localização: A Serra do Norte, Rondônia: aldeia Pyrineus de Souza, perto da cidade de Vilhena (SIL). Moram com os Sabane, mas são mais próximos aos Latunde e Lakonde em cultura e língua (SIL).

A. I. Pirineus de Souza, MT, 28,212 ha homologada e reg no CRI e na SPU 1984, Com Nambikwara, Nambikwara Sabanã, Mannduka-Mamaindê, Idlamare-Iiakiore- Tawandé 118 (FUNAI 1989).

Língua: Nambikwára é uma língua divida em três: Sabanê falada em Rondônia, Nambikwára do Sul, em Mato Grosso, que compreende quatro dialetos, e Nambikwára do Norte em Rondônia e Mato Grosso, que tem quatro dialetos: Tawandê, Kakondê, Mamaindê e Nagaratú (Moreira da Costa 2008.88). A família linguística Nambikwára é constituída de quinze línguas, subdivididas em tr6es grupos: Nambikwára do Norte, Nambikwára do Sul e Sabanê. As línguas do Norte são inteligíveis entre si. São Latundê, Lakondê, Mamaindê e Negarotê (Braga e Telles 2014.62).

História: Conforme alguns estudiosos um grupo proto-Nambikwára ocupava uma área localizada no divisor das águas do alto curso dos rios Guaporé e do Jurema. Houve uma grande crise aproximadamente há 4.000 anos, quando o povo se dividiu em cinco grupos. Os Tawentê foram para o norte, os Tauitê e os Katitaulhu para o sul e os Wakalitesu para o Leste. Este último se dividiu mais tarde (Moreira da Costa 2008.69). Os Nambikwára se organizaram em grupos pequenos, que se subdividiam com frequência. Eram coletores e se deslocavam sazonalmente em busca por locais que fornecessem melhor condição de subsistência. No início do século XX chegaram as epidemias que causou o desaparecimento de alguns grupos. A área tradicional dos Nambikwára do Norte era o Vale do Guaporé, e tiveram seu primeiro contato quando ex-escravos foram levados ao Vale como serigueiros (Braga e Telles 2014.63).

O Cândido Mariano da Sila Rondon travessou o território dos Nambikwára, e em 1912 o etnólogo Roquette-Rinto realizou uma expedição à Serra do Norte. Entre os anos de 1935 a 1938 Lévi-Strauss fêz seu trabalhos de campo entre os Nambikwara e outros.

Os Nambikwára foram obrigados de viver em um território da T. I. Nambikwára fora do seu território tradicional e suas terras ficara, fragmentadas em diversas outras Terras Indígenas. Durante os anos 1960 a 1990 na Serra do Norte foram demarcadas a T. I. Tuberão-Latundê e a T. I. Pirineus de Souza (Moreira da Costa 2008.21). Os grupos da Serra do Norte inclusive os Tawxantesu ou Tawandê localizavam-se nas imediações do rio Tenente Marques, uma nascente do rio Roosevelt. Atualmente estes grupos no Norte concentram-se na T. I. Pyreneus de Souza, área contígua à T. I. Nambikára em Mato Grosso e ao Sul do Parque Indígenas Aripuanã em Rondônia. A aldeia Tawantê está no sul do Parque Indígena do Aripuanã (Moreira da Costa 2008.67).

Estilo da Vida: Veja perfil: Nambikwara – Anunsu.

Sociedade: Veja perfil: Nambikwara – Anunsu. Em outubro 2010 foi realizado em Vilhena (RO) o encontro de espiritualidade indígena com o tema: “Nossa Cultura, fonte de nossa resistência”. O evento reuniu indígenas de diferentes povos como os Mamaindê, Nambikwara, Tawandê, Sabanê, Lacundê, Aikanã, Kwazá, Tupari, Wasusu, Terena e Manairisu. Afirmaram: ‘A terra é vida e é sagrada para nosso povo, é como o ar que respiramos, e a água é como o sangue da mãe terra. Vamos resistir e continuar com nossas danças, histórias, cantos e festas tradicionais de nossas culturas. Reafirmamos o compromisso de repassar para as gerações futuras a nossa língua e nossas tradições, fortalecendo a força espiritual dos pajés e valorizando a medicina tradicional e a escrita da nossa língua, porque a língua materna é nossa arma de luta, é nosso documento. Manifestamos nossa preocupação quanto: As terras sagradas, que ficaram fora da terra demarcada, é lá que habitam os espíritos dos antepassados. As invasões de nossos territórios por: madeireiros, plantadores de soja, linhão, hidrelétricas que causam o desmatamento, pescadores que roubam os nossos peixes e outros. Os mais jovens que já não querem participar das danças, festas e rituais antigos’ (http://www.cimi.org.br/site/pt-br/index).

Em 2016 a Associação Kolimace, que representa o povo Nambiquara da Terra Indígena Pirineus de Souza, e o Projeto Berço das Águas realizaram no dia 15 de abril uma atividade educativa com debates e apresentações culturais no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), campus Vilhena. Foi uma atividade educativa para valorizar o modo de vida indígena e quebrar preconceitos. A iniciativa, organizada em parceria com a coordenação do campus, faz parte das ações de educação ambiental do projeto executado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) com patrocínio da Petrobras. O “I Encontro Intercultural comemorativo da Semana do Índio” contou com a participação de cerca de 60 indígenas representantes dos povos Sabanê, Manduca, Tawandê, Idalamarê Nechuandê e Ialakolorê, subgrupos Nambiquara que vivem na TI Pirineus de Souza.

Artesanato:

Religião: Veja perfil: Nambikwara – Anunsu.

Cosmovisão: Veja perfil: Nambikwara – Anunsu.

Comentário:

Bibliografia:

  • BRAGA, Ana Gabriela; TELLES, Stella, 2014, ‘O comportamento do traço laringal em línguas nambikwára do norte: comparação entre o latundê e o negarotê’. Revista LinguíStica / Revista do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Volume 10, número 2, dezembro de 2014. ISSN 1808-835X 1. [http://www.letras.ufrj.br/poslinguistica/revistalinguistica]
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • MILLER, Joana, 2008, ‘Nambikwara’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/nambikwara/
  • MOREIRA da COSTA, Ana Maria Ribeiro F., 2008, ‘Wanintesu, Um construtor do mundo Nambiiquara’, Tese para Doutorado em História, Departamento de História, Universidade de Pernambuco, Recife.
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com