Atikum – Atikum-Umã

David J Phillips

Autodenominação: Atikum-Umã que refere a um ‘índio mais velho’ ou ancestral ou o nome tem surgido durante ritual de toré. O nome atikum ou articum era possivelmente a língua de uma tribo extinto no local (Grünewald 1998).

Outros Nomes: Huanuê, Uamudê, Araticum, Aticum.

População: 5.852 (DAI-AMTB 2010).

Localização:

  • Terra Indígena Atikum, homologada em 1949 e registrada no CRI e SPU, na Serra do Umã perto de Carnaubeira da Penha, PE, de 15.276 hectares, vivem em vinte aldeias com 4.404 Atikum (FUNASA 2010).
  • Reserva Indígena Barra, na margem esquerda do rio São Francisco, entre o rio e a rodovia BR-242, perto de Ibotirama, Bahia, com 62 ha reservada e registrada no CRI e SPU com 183 Aikum e Kiriri (FUNAI 2010).
  • T I Atikum Bahia, ao leste da R. I. Barra, perto de Seabra, Bahia, em identificação, com 759 Atikum (FUNAI 2011).

Língua: Português (DAI-AMTB 2010). Nos cânticos do toré existem vestígios da sua língua nativa.

História:
Os Atikum são conhecidos como os ‘caboclos da Serra do Umã’; eram chamadas de Umãs até 1943. Os Umãs mudavam-se muito. No fim do século XVII andavam pelo vale do São Francisco, no meados do século seguinte estavam em Sergipe. No princípio do século XIX eram aldeados na Serra do Umã com os Xocó, Vouve e Pipipan até 1819 quando a aldeia foi abandonada após vários conflitos e os grupos indígenas espalharam pelos sertão e em 1824 devido a avanço dos criadores de gado. Os Umã chegaram na região da Serra Negra. Houve miscigenação com os quilombolas que fugiram e se instalaram na Serra do Umã.

Na década 40 do século XX procuraram a SPI para ser reconhecidos como um grupo indígena (Gründewald 1998). Na época o SPI encarou sua tarefa integrar os índios na sociedade nacional e a maioria no nordeste eram considerados já bem assimilados. Durante os anos 40 e 50 a 4a. Inspetoria Regional no Recife foi liderado pelo Raimundo Dantas Carneiro, que estabeleceu mais oito Postos entre povos semi assimilados como os Atikum e reconheceu seu caráter indígena, montou o Posto Atikum em 1949 (Hemming 2003.584). Mais tarde a FUNAI esforçou em parar o roubo de madeira da reserva. Infelizmente sua reserva é perfeita para cultivar a maconha, e alguns fazendeiros invadindo sua terra eram traficantes. O cacique Akitum avisou a polícia e em dezembro 1990, ele e seu irmão foram mortos a tiros. Ninguém foi processado pela crime. Os Atikum queixou que a FUNAI tinha os abandonaram, o carro era quebrado, as ferramentas agrícolas velhas e as sementes prometidas nunca chegaram. A clinica era ‘ornamental’ por falta de remédios (Hemming 2003.595).

Estilo da Vida: O solo da serra do Umã é argiloso em contraste o solo arenoso do sertão. São considerados bom agricultores, plantam o milho, o feijão, a mamona, mandioca, banana, goiaba, laranja, jaca, coco, limão, e pinha. Ainda caçam diversos animais e aves com espingarda e cachorros, como tiús, pedas, cangambás, tamanduás, preás, caititu e jacus. Criam bodes, vacas, carneiros e galinhas.

Na T I Atikum vivem em ‘sítios’ como Alto do Umã, aonde é o Posto, Olho d’Água do Padre, Casa de Telha, Jatobá, Samambaia, Sabonete, Lagoa Cercada, Oiticica, Areia dos Pedros, Jacaré, Bom Jesus, Serra da Lagoinha, Baixão, Estreito, Boa Vista, Angico e Mulungu. No ano da delimitação de 1989 havia uma população de 3.582. Em Olho d’Água do Padre é uma feira dominical importante para o comercio dos índios com os não índios.

Sociedade: Na década 40 os Atikum-Umã se identificaram com os ‘caboclos da serra do Umã’, e queixando dos impostos cobrados pelas prefeitura de Floresta e as invasões do gado da fazendas, procuram no Recife o SPI para revindicar a criação de uma Reserva Indígena. O SPI exigiu uma demonstração do toré que não estavam preparados fazer. Mas aprenderam o ritual dos Tuxá e em 1949 o SPI os reconheceu como etnia indígenas e montou o Posto (Gründewald 1998). Os verdeiros membros da etnia são aqueles que participam da tradição do toré. Os Atikum têm um sistema de compadrio e eleições de cacique, pajé e representantes das aldeias.

Artesanato: Vendam os produtos agrícolas na cidades vizinhas e na feira de Mirandiba.

Religião: Os mais velhos conservam poucos costumes da sua cultura, como dançar o toré. Realizam reuniões secretas em um local chamado ‘gentio’, que têm semelhanças às praticas dos cultos afro espiritas. No toré bebam uma bebida sagrada, anjucá, feita da casca macerada da raiz da jurema misturada com água. A jurema é considerada uma planta sagrada e a bebida representa o sangue de Jesus e é usada para entrar em contato com os ‘encantos da luz’ (Grünewald 1998).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI-AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • GRÜNEWALD, Rodrigo de Azeredo, 1998, ‘Atikum’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/atikum
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.