David J. Phillips
Autodenominação: Manoki. Veja também Mynky Irantxe.
Outros Nomes: Iranxe, Iranche, Manoki, Munku (Anonby 2009.4), Manoki, Iranxe (DAI/AMTB 2010).
População: 326 (DAI/AMTB 2010), 396 (SIASI/SESAI 2012), 338 (da Cruzl 2010), 250 (Anonby 2009.3).
Localização: No oeste de Mato Grosso em três Terras Indígenas no município de Brasanorte:
Terra Indígena Irantxe, MT, de 45,555 ha, entre rodovia BR-364 e a margem esquerda do rio Cravari, afluente do rio do Sangue, homologada em 1968 e registrada no CRI e SPU, com 333 Manoki (FUNAI 2006).
T. I. Manoki, ampliação da T. I. Irantxe, de 206.445 ha ao leste da T.I Irantxe, da margem direita do rio Cravari ate a margem esquerda do rio Sangue e incluindo a área entre o rio 13 de maio até sua confluência com o rio do Sangue no norte, declarada, com 250 indígenas (FUNAI 2002).
T. I. Umatina, MT, de 28.120 ha, entre o rio Paraguay e o rio dos Bugres da confluência destes ao leste da cidade Barra dos Bugres, homologada e registrada no CRI e SPU, com 367 Umutina, Paresí, Nambikwara e Manoki (FUNAI 2004).
Língua: Português, a maioria são monolíngues em português, porém os Myky ainda falam Irantxe. Os Irantxe são na maioria alfabetos em português (Anonby 2009.3). O Ethnologue considera que Irantxe e Myky são da família Arawak, mas Arruda as classifica com isoladas (Anonby 2009.6). Os Irantxe sentam falta da sua língua e admiram os Mynky por preservar sua língua (ibid p 7). Os alunos indígenas nas escolas públicas são instruídas por professores que não reconhecem que o português é a segunda língua do aluno, e muitos alunos abandonam a escola por dificuldade de aprender o português, embora sejam bilíngues (Cruzli 2010).
História: Antigamente os Irantxe viviam nas margens dos rios Sangue e Cravari. Provavelmente havia uma população de mil Irantxe antes de contato. Seu primeiro contato com a sociedade nacional era pelos seringueiros do Domingos Pinto acerca de 1900, com os resultado da massacre de uma aldeia Irantxe. Os Myky se separam-se dos Irantxe e foram para o norte e ficaram isolados do povo até 1971 (Anonby 2009.5).
Os seringueiros invadiram o território primeiro na margem esquerda do rio Cravari, pois os Irantxe sempre defenderam a margem direita. Por volta do ano de 1900 os seringueiros mataram todos Manoki em uma aldeia no córrego Tapuru na margem direita do rio Cravari. Um encontro pacífico deu em 1909 pela missão Rondon e outro quando brancos visitaram uma aldeia e deu ferramenta ao chefe. Então entre 1909 e 1932 os Irantxe visitaram esporadicamente a estação telegráfica de Utiariti, na margem direita do rio Papagaio. Depois 1932 os índios não frequentaram a estação . Os missionários da Inland South American Missionary Union (atualmente South American Mission) estava em Utiariti desde 1937 (Arruda 2003). Os Irantxe Manoki sofreram ataques pelos Rikbaktsa e Tapayuna e fugiram para um posto da South American Mission em Utiarity e se casaram com indígenas de outros povos. Esta missão operou entre 1937 e 1957 (Anonby 2009.3). Também a SPI criou o Posto Tolosa em 1945 para atrair os Manoki. Em 1946 os jesuítas estabeleceram sua missão, mas receberam pouco receptividade pelos índios (Arruda 2003).
Durante a Segunda Guerra Mundial a nova demanda pela borracha impactou no Mato Grosso, com a vinda de nordestinos seringueiros. A população foi estimada em 258 indivíduos, que diminuiu baste com as doenças de fora. As aldeias dos Manoki foram visitadas sucessivamente pelos missionários evangélicos da ISAMU, pelos jesuítas e pelos funcionários do SPI, para persuadi-los mudar-se para suas sedes. Esta concorrência religiosa continuou até 1957 quando os evangélicos saíram de Utiariti e o SPI deu a responsabilidade dos índios aos jesuítas (Arruda 2003).
Do contato os Manoki estavam dizimados por massacres e as doenças importadas e os sobreviventes foram viver e assistiram uma escola da missão jesuíta. Em 1949 os jesuítas abriram um posto na aldeia Manoki de ‘Capitão Acácio’, mas as doenças introduzidas mataram quase todas as habitantes, e os sobreviventes se transferiram para Utiariti. Os padres começaram uma regime de destruir a cultura, com os índios deparados em faixas etárias, viveram em internato e proibidos falar sua língua e casamentos interétnicos incentivados. Organizaram o trabalho com plantações, serraria, e oficinas de costura e artesanato. O alvo era prepara os indígenas ser mão de obra para os regionais (Arruda 2003).
Em 1966 a Missão mudou sua estratégia para desativar a missão em Utiariti e começou a motivar a criação de Terras Indígenas com a ‘Operação Anchieta’ (OPAN) (Arruda 2003). Em 1968 os Irantxe receberam uma terra do governo federal que estava fora do seu território tradicional e com condições inviáveis e sem recursos para sustentar a vida tradicional (Arruda 2003). Os Irantxe não queriam voltar à sua terra por temer mais ataques pelos Rikbaktsa e Tapayuna. Durante as décadas 70 e 80 a terra tornou-se cercada por fazendas e a maioria dos Irantxe parou de praticar seu etilo de vida tradicional (Anonby 2009.5). A T. I. Irantxe foi homologada em 1968, e com o apoio dos jesuítas, parcialmente amplificada em 1977 que homologada em 1990. A amplificação da Terra aprovada pela FUNAI em 2002 é de terras mais preservadas e que englobam as nascentes do rio 13 de Maio e os afluentes do rio São Benedito e os locais de 27 aldeias antigas e os túmulos dos antepassados (Arruda 2003).
Estilo da Vida: A região dos Irantxeé as cabeceiras do rio Cravari, afluentes do rio Sangue, que por sua vez é afluente do rio Juruena. O meio ambiente é de cerrado com mata de galeria nas margens dos rios. A terra é cercada totalmente por fazendas e grande empresas, produzindo soja, arroz, milho e cana (Arruda 2003). Há seis aldeias Manoki. As aldeias e suas populações são Paredão 60, Recanto do Alipio 12, Periz 26, Asa Branca 24, Cravari 119, e Treze de Maio 9. Algumas famílias vivem na ranchas e fazendas e na aldeias dos outros povos (Anonby 2009.6).
No tempo do contato os Irantxe viviam em malocas com um número de famílias nucleares, cada uma tendo seu espacio dentro. Hoje os Irantxe moram em casas tipo regional com famílias nucleares (Anonby 2009.6). A aldeia Cravari situa-se na margem do córrego São Domingos, a cerca de dois quilômetros das sua confluência com o rio Cravari. As casas são construídas de tábua ou de pau-a-pique, com o telhado de cemento ou folhas de buriti. As casas são espalhadas que dá espaço para cultivar certais vegetais ao redor das casas. Construíram na centro da aldeia em 2000 uma maloca tradicional, a cobertura de buriti do cume até o chão e assim sem paredes. A casa das flutas Yetá e Nadipu, usado nos rituais somente pelos homens, está no mato escondida das mulheres e as crianças (Arruda 2003).
Todas as aldeias situam-se perto de córregos e na mata ciliar para aproveitar a pouca fertilidade natural para suas plantações (Arruda 2003). Eles abandonaram a agricultura tradicional de coivara quando começaram a receber as aposentarias (Anonby 2009.5). Mas cada família fazia uma roça perto da aldeia, na mata ciliar, plantada com mandioca brava, milho, batata doce, cará, batata, feijão, algodão, araruta, urucum e amendoim. Mais recentemente incluem mandioca mansa, cana de açúcar, arroz e outros tipos de milho e feijão. Devida a pobreza do solo quase nada se consegue produzir nas roças tradicionais. Em 2003 as roças estavam sendo abandonadas. A caça, a pesca e a coleta apresentam resultados cada vez piores (Arruda 2003). Os Irantxe e os Myky visitam a cidade de Brasnorte, MT (Anonby 2009.2).
Sociedade: Durante seu estado em Utiarity muitos homens se casaram com mulheres dos povos Parecis e Nambiquara, Rikbaktsa, Kayabi, Cinta Larga e outros (Anonby 2009.7). O costume de residencia depois casamento é uxorilocal e a unidade de produção é o sogro com seu genros. Alguns casais moram separadamente, mas ainda cumpre o dever do genro aos seu sogro (Arruda 2003).
Os chefes das aldeias são eleitos por voto para representar a comunidade para com a FUNAI, Operação Amazônia Nativa e outras entidades de fora, as decisões são tomadas em discussão coletiva até que chegue a um consenso (Arruda 2003).
Os Irantxe mantêm uma casa de alojamento em Brasnorte. Eles têm contato constante com os Brasileiros, as crianças frequentam a escola local e os homens trabalham nas fazendas (Anonby 2009.7). A maior parte da renda das aldeias Irantxe é das aposentarias do governo e os salários dos professores e funcionários d e saúde. Outros recebem salários por trabalhar nas fazendas. Vendem também farinha de mandioca e mel silvestre (Anonby 2009.5). Uma escola com quatro alunos funciona na T. I. A maioria das família enviam seus filhos uma grande distancia de ônibus para a escola em Posto Mundo Novo. Um professor Irantxe, Amanas, expressou interesse em ensinar a língua Irantxe (Anonby 2009.6). A aldeia Cravari têm a enfermaria, a escola, a igreja católica, o campo de futebol e a barracão para guardar o caminhão (Arruda 2003).
Artesanato: Alguns fabricam artesanato, cocares, redes de algodão ou de tucum, colares etc. comprado pela Funai ou vendido na cidade (Anonby 2009.5).
Religião: Abandonaram seus rituais tradicionais e são católicos e de vez em quando um padre visita a aldeia. Há uma família pentecostal (Anonby 2009.6). Ainda hoje tocam as flautas na casa delas ou na patio da aldeia. São masculinas chamadas de Yeti e femininas de Nadipu. A iniciação dos rapazes de 12 a14 anos é realizada na casa das flautas. Durante a estação seca na ocasião da derrubada, os rapazes oferecem uma roça a uma mulher, dizendo que as próprias flautas fez a roça. A última festa de iniciação foi realizada em 1995 (Arruda 2003).
Cosmovisão:
Comentário: Um programa de desenvolvimento da língua terá pouco sucesso, devido a falta de interesse em preservar a língua. Uma estratégia melhor seria treinar os Irantxe comunicar melhor aos Mynky os conceitos do mundo de fora, usando o português de uma maneira mais sensitiva ao cultura (Anonby 2009.8).
Bibliografia:
- ANONBY, Stan, 2009, ‘A Report on the Irantxe and Myky’, SIL Electronic Survey Report 2009-006, May 2009, SIL International.
- ARRUDA, Rinaldo S. V, 2003, ‘Iranxe Manoki’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/iranxe-manoki/
- CRUZL, Mônica Cidele da, 2010, ‘A Diversidade das Línguas Indígenas em Mato Grosso’, IV Fórum de Educação e Diversidade, Núcleo de Atividades, Estudos e Pesquisa sobre Educação, Unemat/Capes/Univeersidade Estadual de Campinas, SP.
- DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br/
- SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com