Anambe

David J Phillips

Autodenominação: Anambé. Na língua Tupi diversos aves são chamados Anambé, como anambé-azul, anambé-branco-de-mascara-negra e anambé-roxo.

Outros Nomes:

População: 100 (DAI/AMTB 2010), 133 (Equipe 1999). Em 1940 eram 60 pessoas, mas muita mulheres se casaram com não índios e asiram. Depois 1960 os casamentos com não índios atraíram os cônjuges para viver na Terra Indígena (Equipe 1999). A FUNASA deu 124 na T I em 2010.

Localização: Na Terra Indígena Anambe, no Pará, homologada e registrada no CRI e SPU com 7883 ha. Outros vivem na T I Alto Rio Guamá 7.883 ha população 124 indígenas e outros vivem dispersos em cidades próximas.

Língua: Anambé é da família linguística Tupi-Guarani. Os mais velhos falam a língua e os mais novos a entendem, mas usam o português (Equipe 1999).

História:
Antigamente os Anambé viviam nas cabeceiras do Rio Pacajá a oeste do Rio Tocantins, no Pará. Os jesuítas levaram muitos para Belém, os homens para trabalhar na roças ou ser remadores e as mulheres para lavar roupa e cozinhar (Equipe 1999). Os sobreviventes retiram-se para as cabeceiras do Rio Cururuí, um afluente do Pacajá e formaram uma aldeia chamada Tauá. Um Diretor Parcial quis os aldear e uma parte deles aproximou da margem do Rio Tocantins e pediu aldeamento perto da cidade de Baião.

Os outros Anambé continuaram viver nas cabeceiras do Rio Pacajá. Em 1850 a população era estimada a 600. Mas em 1862 seu número era 250. Em 1874 eram reduzidos a 46 pessoas por uma guerra com outros índios em 1874. No ano seguinte morreram mais 37 deles de varíola. Os poucos sobreviventes se juntaram com os Anambé em Baião e na ilhas dos Santos e de Tauá no Rio Tocantins (Equipe 1999).

Depois nos anos 30 deixaram o rio Tocantins e travessaram o rio e sobre a terra firme para tentar ficar no vale do rio Moju, mas sofreram muito de epidemias (Hemming 2003.722). Foram expulsos pelos Gaviões Parkatêjê ou do Oeste e continuaram sua migração para o rio Cairari, um afluente do Moju a leste. Viviam sozinhos até os meados do século XX quandro começaram a entrar na região os caçadores de peles e madeireiros. Na década 70 alguns Anambé trabalharam nas turmas tirando a madeira (Equipe 1999).

Em 1982 12 famílias de 30-35 pessoas eram transferidas para T I Alto Rio Guamá deixando 61 na T I Anambé conforme o CIMI. Entretanto conforme a FUNAI 20 índios mais 12 não índios estava na Terra Indígena Anambé. Mas em 1996 a FUNAI disse que tinha 118 pessoas na T I sem diferenciar entre índio e não índio.

Estilo da Vida: Os Anembé não praticam mais a vida indígena e são assimilados à vida dos regionais. Suas casas são do tipo regional. Nos últimos cinquenta anos fizeram casamentos com não índios e os filhos se integram à vida da aldeia. Nos anos 50 e 60 comerciaram o óleo de copaíba e o leite de maçaranduba. Retiram madeira somente para ganhar o melhor preço. Vendem milho, arroz, farinha de mandioca das suas roças (Equipe 1999). Um grupo de homens caçam com espingardas e pescam com linha e anzóis ou arco e flecha. As mulheres apanham jabutis e a coletam frutas e mel silvestres. Eles têm acesso à assistência médica na cidade de Mucajuba ou a Belém para ser tratado pela FUNAI.

Sociedade: Os Anambé não receberam assistência tanto do SPI quanto da FUNAI até 1980 quando a agencia tentou mudá-los para a T I dos Tembé norio Guamá. Nãoseadaptaram bem e voltaram ao Rio Cairari. Em 1984, conforme da FUNAI o total 32 indivíduos, 20 índios e 10 não índios de oito famílias em quatro casas. Na vizinhança viviam mais quatro famílias mistas de Anambé casados com regionais. Outros Anambé vivia dispersos nas margens do rio Cairari e na cabeceiras do rio Moju.

Artesanato: Todo seu equipamento são produtos industriais fora de pequenos cestos de carga, abanos, peneiras, pilões, ubás e arcos e flechas.

Religião: As crenças e mitologia tradicional são completamente perdidas. Os últimos pajés morreram em 1968. Não praticam mais os rito de passagem tradicionais. Não fabricam os seus instrumentos musicais e não cantam ou dançam mais. Por curto tempo um pastor protestante tentou os evangelizar. Mas desde dos anos 40 foram batizados católicos, primeiramente em Belém, tendo o Interventor Barata com padrinho, e mais recente os filhos são batizados em Mocajuba, no Rio Tocantins. Também alguns assistam os cultos da igreja pentecostal na Vila Erlim, próxima à aldeia. Enterrem os mortos como os regionais e creem na vida após a morte conforme o conceito cristão.

Cosmovisão: Adotaram algo do entendimento cristão do mundo.

Comentário:
A Missão Evangélica do Índio trabalha com este povo. Devemos mostrar que o evangelho pode ajudar em manter a identidade étnica. É importante que o evangelho não somente responde às necessidades de indivíduos, mas continuar a suprir uma cosmovisão bíblica como parte fundamental da vida do discípulo de Cristo. Esta deve incluir a identidade ética à vista de Deus. As promessas dadas a Abraão criaram o povo de Israel e também estenderam a benção às outras nações e tribos (Gen 12; Gal 3:8).

Prometeram um povo que vivia na presença de Deus conforme as leis dadas por Deus, que refletem o caráter dele para formar uma comunidade moral, unindo o povo, dando a coesão necessária para enfrentar os desafios lançados por seus vizinhos. Estas leis pediram a fé e o amor a Deus, aos vizinhos na criação de uma rede de relacionamentos morais e não somente biologices de descendência, mas pelos laços da justiça e o amor. Ao mesmo tempo as leis e instituições continham aspectos participares e contemporâneos de Israel que não imitamos mas acrescentamos nossas distinções culturais. Estes aspectos podem ser aspectos culturais de um povo indígena em adotar os princípios morais de comunidade em Cristo.

As promessas dadas a Abraão falava da benção incluindo as famílias (clãs, tribos) e as nações (goyim) da terra, e não somente o evangelho mas a promessas do reinado de Deus em Cristo (Gal 3:8). Pelo evangelho um povo pode ter uma parte da sua população, fieis a Deus por Cristo, que trabalhando para a justiça na sua sociedade que envolve o bem da identidade étnica. Os Animbé têm necessidade de recuperar uma nova identidade étnica conforme sua situação atual e não por uma volta ao passado.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • EQUIPE de edição da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil, 1999, ‘Anambé’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/amanbe
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London: Pan Macmillan.
  • SIL 2009, Lewis, M Paul (ed), Ethnologue: Languages of the World, 16th Edition. Dallas, Texas: SIL International. Versão on line: www.ethnologue.com