David J. Phillips
Autodenominação:
Outros Nomes:
População: 81 (Fiorini 2003).
Localização: Em várias aldeias no Parque Indígena Xingu (PIX), MT, de 2.642.004 ha nas duas margens do rio Xingu e seus formadores, a primeira Terra Indígena, homologada em 1961 por Presidente Jânio Quadros e registrada no CRI e SPU com uma população de 5.982 indígenas de 16 etnias.
Na Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu, MT, nas duas margens do rio Xingu de 27.980 ha de bioma amazônia, declarada, com 69 Naruvotu (FUNAI 2003).
Língua: Kuikúro – Kalapalo, falantes 870: 470 Kuikúro e 417 Kalapalo (SIL). É da família linguística Caribe, que inclui seus vizinhos Kuikuru e Migïyapei, com as quais são inteligíveis (Basso 2002). Outros nomes: Apalakiri, Apalaquiri, Cuicutl, Guicurú, Kalapalo, Kuikuru, Kurkuro. Dialetos: Kuikúro, Matipú, Mogareb, Nahukwá. Também usam português (SIL).
História: Antigamente os povos Karib viviam próximos à confluência dos rios Culuene e Sete de Setembro por mais de 500 anos. Deslocaram-se acerca da meadas do século XVIII para a região do lago Itavununu. Os Karib se dividiram em grupos separados: Kalapalo, Kuikuro Matipu, Nahukwá Tsuva e os Naruvotu. Os grupos migraram de volta para as cabeceiras dos rios Culuene, Tanguro e Sete de Setembro. Os próprios Naruvoti construíram uma grande aldeia, Naruvoti do Pequizal, no córrego perto da confluência do Sete de Setembro com o Culuene, uma região rica em pescaria e tinha cem indivíduos. Karl von den Steinen encontrou provavelmente com os Naruvotu, sob os nomes dados pelos Kuikaro e Kalapalo em 1884 e 1887. Em 1920 Ramiro Noronha organizou uma expedição do SPI na região e visitou a aldeia Naruvoti do Pequizal. Foi ele que batizou o rio Sete de Setembro para celebrar a date em que o alcançou.
Em 1946 os Naruvotu foram com os Kalapalo, os primeiros índios a entrar em contato com os irmão Leonardo, Orlando e Cláudio Villas Bôas. Estabeleceram o Posto Kuluene. Depois a pressão colonizador dos não indígenas e duas epidemias de gripe em 1946 o povo foram reduzido a dez pessoas e passou a viver com os Kalapalo e os Kuikuro no sul do PIX perto do Posto Kuluene. O Posto Jacaré foi montado no norte na confluência dos rios Batovi e Ronuro com o Xingu, e os indígenas, inclusive os sobreviventes dos Naruvoti foram atraídos ao Posto novo. Em 1954 uma epidemia de sarampo alastrou-se pela região. Um pequeno grupo que permaneceram na aldeia Pequizal do Naruvotu sobreviveram, mas sofreram ataques de outros índios.
Os Naruvotu eram considerados extintos, porque os sobreviventes eram na maioria mulheres e crianças que se casaram com outras etnias. Em 1999 os posseiros morando no Pequizal resolveram derrubar os pequizeiros para eliminar os vestígios da aldeia. O povo organizou expedições na área em 1999 e 2003 para expulsar os empregados dos fazendeiros que desmataram a área. Em 2006, sua T. I. foi identificada e aprovada pela FUNAI (Equipe 2010). Em maio de 2011 o povo com os outras etnias do Parque celebram os 50 anos do PIX.
Estilo da Vida: Os Naruvotu vivem nas aldeias: Kuikaro, 23 indivíduos, Matipu, 6, Kalapalo, 12, perto do rio Xingu e a aldeia Tanguro/Kalapalo com 28 indivíduos. Doze Naruvotu moram em Brasília. Abram roças para cultivar mandioca ao norte da aldeia, que tem solo negro, provavelmente uma área de intensa cultivação antiga. Caçam e pescam em suas terras tradicionais. Eles coletam pequi em novembro e caramujo da sua terra. O pequi é ligado à fertilidade das mulheres.
Sociedade: Os Naruvotu recebem dois nomes, um dos avos paternos e o outro dos avos maternos, mas não há preferencia à descendência paterna. Não podem pronunciar os nomes dados dos avos do outro lado da família. Os homens Naruvotu eram os melhores lutadores do huka huka no alto Xingu (Equipe 2010).
Artesanato: Fabricam colares de conchas de caramujo. O córrego Naruvotu é o único local para achar os dois tipos de caramujo empregados na confecção dos colares.
Religião: O Yamurikumã é o ritual do pequi e o Egitsu (Kurarup) é o ritual funeral de homenagem aos mortos.
Cosmovisão: Os indígenas do Alto Xingu do Parque se compartilham dos mesmos valores de comportamento pessoal, praticas de ritos de passagem, parentela, casamento e mitos, inclusive uma rede comercial de recursos e artesanato. Os Naruvoti participam em um sistema de comunicação de rituais com os Kalapalo (Basso 2002).
Comentário:
Bibliografia:
- BASSO, Ellen, 2002, ‘Kalapalo’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kalapalo/
- DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
- EQUIPE de Edição, 2010, ‘Naruvotu’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/naruvoti/
- HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
- SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com