Kontanawa — Kuntanawa

David J. Phillips

Autodenominação: Kuntanawa que significa o ‘povo do cocão’ ou ‘povo do coco’ (Pantoja 2009). O cocão é a palmeira (Scheelea phalerata), cujo fruto é o bacuri.

Outros Nomes: Kuntanawa (Pantoja 2009), Contanawa

População: 250 (DAI/AMTB 2010), 400 (Pantoja 2008).

Localização: Vivem às margens do alto rio Tejo, na Reserva Extrativista do Alto Juruá, no município de Marechal Thaumaturgo, Acre.

Língua: Hãtxa Kuin da família linguística Pano. Não falam mais sua língua, somente o português. Há esforços de reconstruir a língua por meio de fragmentos ainda na memoria da matriarca do grupo, dona Mariana.

História: Foi suposto que este povo era extinto no fim do século XIX devido às correrias contra os índios com a instalação dos seringais em todo o Acre. A mãe de Mariana, Regina, integrou-se à sociedade de seringal e se casou com sucessivamente com vários seringueiros, mas jamais abandonou sua herança indígena. No rio Jordão viviam com os Kaxinawá. No rio Tejo Mariana foi criada na casa do seringalista, e com 13 anos foi dada em casamento ao seu captor Milton. Milton é filho de um índio Nehanawa capturado em uma correria no rio Envira, e criado nas casa do seringalista. Milton e dona Mariana moravam no seringal Restauração com seus dez filhos e mudaram se para o seringal Restauração. A Reserva Extrativista do Alto Juruá resultou da mobilização dos moradores, inclusive os ‘caboclos do Milton’. lutaram para criar a Cooperativa e lideraram o Conselho Nacional dos Seringueiros. Isso trouxe benefícios, como barcos comunitários, peladeiras de arroz, engenhocas de cana, casas-de-farinha, etc.

Estilo da Vida: Em dezembro de 2007, o Ministério Público Federal do Acre encaminhou uma recomendação à FUNAI para que os trabalhos de demarcação da Terra Indígena Kuntanawa fossem iniciados. Em agosto de 2008, o Ministério Público Federal tornou público um edital onde a FUNAI é citada em ação envolvendo a demarcação da Terra Indígena Kuntanawa (Pantoja 2009).

Sociedade: Os Kontanawa participam na OPIRJ (Organização dos Povos Indígena do Rio Juruá), fundada em 1999, com dez outras etnias, com os objetivos de defender os direitos, a demarcação das terras indígenas e garantir a autonomia dos indígenas, com relação aos patrões e aos credos religiosos.

Artesanato: São confeccionados a partir daqueles já feitos por dona Mariana e dos exemplos das outras terras indígenas.

Religião: Os Kontanawa conhecem a ayahuasca por intermédio de grupos indígenas vizinhos. Numa viagem para visitar as Terra indígenas vizinhas do rio Jordão e do rio Breu, ficaram conhecendo os pajés, e tornaram a preparar a ayahuasca e realizar rituais com a bebida. Músicas que relatam a história Kontanawa foram compostas sob a influença da bebida. Um CD com canções compostas pelos jovens Kontanawa foi lançado em 2009. (Pantoja 2009).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • PANTOJA, Marianna Ciavatta, 2009, ‘Kuntanawa’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kuntanawa.