Kambiwá

David J. Phillips

Autodenominação: Kambiwá significa segundo o próprio povo ‘retorno à Serra Negra’ que é o principal objetivo dele (Fialho r Barbosa 2006).

Outros Nomes: Cambiuá, Camiua (DAI/AMTB 2010).

População: 2.820(DAI/AMTB 2010).

Localização: A Terra Indígena Kambiwa, nos municípios de Inajá, Ibimirim e Floresta, Pernambuco, de 31.495 ha travesada pela BR-110, homologada e registrada no CRI e SPU, com 3.482 Kambiwá (FUNAI 2010).

Língua: Português mas usam palavras da sua língua antiga, cuja a afiliação linguística não é determinada. Não há falantes, uma língua não classificada (SIL).

História: No século XVI os índios do sertão pernambucano buscaram lugares de refúgio nos altos da serras como Serra do Unã, Brejo dos Padres e a Serra Negra, para escapar da expansão dos criadores de gado ocupando os campos para suprir os engenhos de açúcar. Os holandeses ocuparam a região no século seguinte e formaram alianças valorosas com os indígenas contra os portugueses. A perseguição depois a retirada dos holandeses culminou em os índios se refugiaram na Serra de Ibiapaba, chamada a ‘Confederação dos Cariris’.

Em 1802, um missionário capuchinho italiano, Frei Vital de Frescarolo, afirma ter aldeado, no lugar conhecido como Jacaré, entre a Serra do Periquito e a Serra Negra, 114 índios da nação Pipipão que, segundo seu relato; “andavam embrenhados no sertão da Serra Negra”. Quereriam este lugar do Jacaré, porque havia muito mel e bicho para comer, e plantariam mandioca na serra do Periquito, perto da Serra Negra. Em 1968 Dale W. Kietzman do SIL relatou sobre 200 famílias chamadas Kambiwá, que foram expulsas da Serra Negra pelos fazendeiros. Em 1971 foi criado o Posto Indígena Kambiwá e a Terra Indígena Kambiwá foi demarcada em 1978 que não abranja a Serra Negra. O povo considera a Serra a ‘mãe’ da qual seus filhos foram afastados e não podem realizar seus rituais do Toré e Praiá. Os índios atualizaram uma antiga reivindicação, no sentido de terem acesso à Reserva Biológica da Serra Negra, atualmente administrada pelo IBAMA, para a pratica de rituais em determinadas ocasiões.

Estilo da Vida: Vivem em oitos aldeamentos: o principal é Baixa da Índia Alexandra com o Posto Indígena Kambiwá e os outros são Pereiros, Nazário, Serra do Periquito, Tear, Garapão, Americano e Faveleira. Os aldeamentos consistem de casas a pique para cada família nuclear. Conforme o levantamento do CONDEPE menos que 25% do território demarcado se presta para o plantio, devido ao solo arenoso e à quantidade de formigas. Também a água é escassa, os poucos poços sendo mais que cem metros de profundidade. O pouco que sobra da sua agricultura de subsistência é vendido nas feiras de Inajá e Ibimirim. Alguns trabalham na criação de gado dentro a Terra Indígena com os fazendeiros, e em cada quatro cabeças do gado uma é do índio. Os Kambiwá trabalham fora nas fazendas. Caçam tatu, veado e peba, etc. mas é prejudicada pela invasões de não índios e o desmatamento.

Sociedade: Os Kambiwá consistem de dois sub-grupos: ‘os Caboclos da Barra’ que são originários da região ‘Ribeira’ do Vale do rio Moxotó e os ‘João Cabeça de Pena’ que são descendentes dos antigos moradores da Serra Negra.Cada sub-grupos também tem suas divisões. Cada aldeamento tem um conselho com um representante para servir de intermediário entre o cacique e a sociedade fora.O pajé ou vice pajé serve como curandeiro. Têm quatro escolas Kambiwá que têm implantados o Projeto Escola de Índios e a criação da Comissão de Professores Indígenas em Pernambuco (COPIPE), em 1999 para ganhar reconhecimento como escolas indígenas (Fialho e Barbosa 2006).

Artesanato: Os homens confeccionam esculturas, correntes, carrancas e santo de madeira para o comércio. As mulheres confeccionam bolas, cestos, esteiras, redes, tapetes, vassouras, etc. para o consumo interno. A Universidade Federal de Pernambuco tem um projeto para buscar novas alternativas de gerar renda para os Kambiwá.

Religião: Somente os homens praticam o ritual dos Praiá, vestidos com máscaras e cobertos de fibras e penas de peru.O Toré tem a função de enfatizar sua identidade indígena. É uma dança dos homens e as mulheres usando um tipo de máscara e um manto de fibras. No Toré descem os caboclos ou encantados e alguns juremados. Juremado é o que está nos ares, quando ainda vivo bebeu jurema (Mimosa tenuiflora) ou ao morrer está sob uma juremeira.

Os curandeiros das aldeias afirmam que doenças podem ser curadas pelas plantas utilizadas na etnia Kamiwá, que são arruda, alecrim, mastruz, quixabeira, umburana de cheiro e babosa para o tratamento de bronquite, gastrite, diarreia, etc. (Santos et al 2010). No ano de 1994, os Kambiwá obtiveram autorização, mediante acordo entre Funai e Ibama para visitar a Serra Negra duas vezes por ano no período destinado à suas práticas religiosas.

Cosmovisão:

Comentário: A MNTB ajuda este povo.

Bibliografia:

  • FIALHO, Vânia, BARBOSA, Wallace de Deus, 2006, 2008, ‘Kambiwá’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kambiwa
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • SANTOS, Maria de Lourdes dos, Araújo, Espedito Menezes de, Batista, Abraão Romão, 2010, ‘Plantas Medicinais usadas pelos ïndios Kambiwá Ibimirim-PE’, Revista Brasileira de Informações Científicas, Vol 1, Número1, Abril/Jun 2010.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.