Marinawa — Sharanahua

David J. Phillips

Autodenominação: Sharanahua significa ‘o bom povo’. Eles incluem os sobreviventes dos Matanawa, Chandinahia e alguns dos Janináwa (Dice).

Outros Nomes: Sharanahua, Chandinahua (DAI/AMTB 2010).

População: 500 (DAI/AMTB 2010). 1.350-1.850 (Dice).

Localização: No alto rio Purus, Acre e no Peru.

No Peru: Vivem no rio Shambuyacu, no Peru, os Sharanawa, Marinawá convivem com os Yaminawa e Mastanawa (Sáez 1998). nas regiões de Ucayali e Madre de Dios.

Língua: Sharanahuada família linguística Pano, inteligível aos Yaminawá (Sáez 1998). Dialetos: Chandinahua, Marinahua (Marinawa), Mastanahua. Analfabetismo 10%-30%. A língua é ensinada nas escolas de grupo. Têm televisão. Um dicionário e a tradução do Novo Testamento produziu entre 1996 e 2008 (SIL).

História: Os Sharanahua viviam alto rio Taruacá, afluente do rio Juruá, atualmente no municípios de Envira, AM. Outros povos entram no seu território escando dos seringueiros brasileiros. Fugindo de um ataque de caucheiros Peruvianos eles migravam rio acima no rio Purus para o rio Curanja, na fronteira do Peru, acerca de 1935. Depois uma epidemia de sarampo mudaram-se para sua posição atual onde travaram uma guerra com os Jamináwa. Mais epidemias reduziu sua população pela metade. Não tinham o conhecimento para construir canoas até a década 60.

Cientistas descobriram um peixe que come madeira, chamado ishgunmahuam na língua sharanahua (PIB noticias Globo Amazônia 06/09/2010)

Estilo da Vida: As aldeias são pequenas e consistem de duas linhas paralelas de casas. Antigamente construíam malocas para caber 60 a 90 pessoas. As casas são uma versão maior das regionais, sobre uma palafita, e um telhado de palha. A população de uma aldeia é acerca de sessenta em sete comunidades. Os homens dormem em redes tecidas e as mães com bebes em redes de malha (Dice).

Quando chegaram no rio Purus aprenderam plantar na várzea e não somente na terra firme. Na várzea as mulheres cultivam milho, melancia, amendoim, e fazem a colheita antes das chuvas levantam o nível do rio. Os homens plantam a mandioca nas roças na terra firme, com banana, banana da terra e cana de açúcar.

Eles vendem aos regatões peles de animais por espingardas, panelas de alumínio, roupa, agulhas, lamparinas,sabão, querosene, fosforas, etc. Viagem rio abaixo para vender peles e ovos de tartaruga. No passado mataram comerciantes para recusar pagar as dívidas acumuladas. As mulheres coletam frutos silvestres e os homens caçam veado, anta, queixada, capivaras e pacas. Na estação seca pescam com timbó. Interessante que o peixe pertence à pessoa que o vê primeiro não à pessoa que o pega.

Sociedade: Os Sharanahua têm uma organização patrilinear e nomes pertencem à família do pai, a criança recebendo os nomes dos avós ou tios e tias paternos. Residencia é matrilocal mas a família do marido dá carne de caça ao casal. Praticam poligamia especialmente os homens que são bons caçadores. O ideal de casamento é a troca de irmãs (Dice).

Artesanato:

Religião: Os pajés usam uma bebida alucinógena preparada do Banisteriopsis caapi. A irmã do pai faz uma tatuagem de um linha azul na face da moça, que é o sinal de ser Sharanahua. Os espíritos dos mortos vagam pertos dos parentes vivos, tentando matá-los para os acompanhar, e por isso todas as pertences do morto devem ser queimadas. Depois algumas semanas o espírito viaja para o lugar onde nasceu e depois para o céu. O nome do morto não deve ser falado. Os espíritos de estrangeiros, animais e peixe são especialmente perigosos. O arco-íris é visto como uma ameaça (Dice).

Cosmovisão: Uma grande cesta abriu e todos os povos saíram com chapéus nas cabeças, os peruvianos com um de palha, outros índios com penas no cabelo e os Sharanahua com um de pele de jaguatirica. Cristão com pastores.

Um mito a conselha contra o incesto. No escuridão o homem chamado ‘lua’ amou sua irmã, que ela não reconheceu. O escuro ela pintou a cara dele. De manhã ela o denunciou e amaldiçoou. Por isso as patrilinhagens são exogamias (Dice).

Comentário: Global Recordings produziu histórias bíblicas em Sharanahua. Eugene e Marie Scott do SIL trabalharam com este povo no Peru desde 1971. Eugene concentrou na tradução e Marie no trabalho e alfabetização, produzindo cadernos para aprender ler e escrever. 20% do Velho Testamento é traduzido. Na cunu Jeso Curistohuun Manruco nutani é o evangelho de Marcos. Em uma expedição da Pioneer Mission para identificar povos não alcançados, especialmente os Mashco, em 1998 um Sharanahua participou.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • DICE, sem data, Database for Indigenous Cultural Evolution, University of Missouri, dice.missouri.edu/docs/pano/Sharanahua.pdf.. aberto 20/09/2014.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SÁEZ, Oscar Calavia, 1998, ‘Yaminawá’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/yaminawá.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.