Pankaru

David J. Phillips

Autodenominação: Pankaru. Em 1980 o povo resolveu mudar o nome de Pankararu-Salambaia para diferenciar-se dos Pankararu no Pernambuco (Estrela 2003).

Outros Nomes: Pancaru, Pankaru-Salambaia (DAI/AMTB 2010).

População: 179 (DAI/AMTB 2010 e FUNASA 2006).

Localização: Na Terra Indígena Vargem Alegre, de 981 ha, entre Bom Jesus da Lapa e Santa Maria da Vitória, Bahia, homologada em 1991 e registrada no CRI, com 123 Pankaru (SIASI/SESAI 2013).

Língua: Português. Dizem que ainda usam alguns vocábulos da língua Pankararu nas cantorias do Toré (Estrela 2003).

História: O Nordeste do Brasil tem 208.691 indígenas, 25.5% do total. Os Pankaru tiveram sua identidade indígenas reconhecida pelo Estado somente na década 90. No século XVII a região da Serra do Ramalho era alcançada pelos Bandeirantes à cata de escravos indígenas. Depois tornou-se área da produção pecuária extensiva e de atividade mineradoras. Os indígenas da região eram provavelmente exterminados.

Os Pankaru começou com a migração do pajé Apolônio, ainda adolescente saindo de Salambaia, Pernambuco, no início do século XX. Depois de perambular por diversas regiões do nordeste, chegou entre os Pankararu da Aldeia de Brejos dos Padres, em Tacaratu, PE. Depois trabalhou na Usina Paulo Afonso e depois na Usina Hidrelétrica de Correntina-Bahia. Conhecendo a mata fechada na região da Serra do Ramalho, Apolônio, buscou a família para se estabelecer ali. Sua chegada coincidiu com a exploração do minério na região, especialmente a fluorita de cálcio. A década 70 inúmeros grileiros invadiram a região, os quais tentarem expulsar a população local. Um fazendeiro originário de Pernambuco oprimiu a família de Apolônio e outros posseiros da região, ameaçando queimar suas benfeitorias. Depois passando o caso para outro fazendeiro, que usou a Polícia para prender o Apolônio e três homens da famílias, depois de ser torturados pelos capangas do fazendeiro. Indo à Brasília tiveram contato com a FUNAI e aprenderam dos seus direitos.

Em 1970 aprenderam que a INCRA ainda criar agrovila para os desabrigados e os fazendeiros foram desapropriados. Foram criadas 23 agrovilas para abrigar 4.000 famílias, ocupando uns 256.000 ha nos municípios de Serra do Ramalho e Carinhanha. A Agrovila 9 tornou se sede do município de Serra do Ramalho com serviços públicos, comércio e igreja. Os Pankaru receberam uma reserva de aproximadamente mil e três hectares na Agrovila 19, com 50 casas construídas para os indígenas. Pessoas Sem Terras ocuparam algumas das casas e as destruíram. O problema não era resolvido em 2003 (Estrela 2003). Com a reestruturação da FUNAI no ano de 2012 a comunidade dos Pankaru passou a ser atendia pela Coordenação Baixo São Francisco (FUNAI).

Estilo da Vida: A Agrovila 19 e a T. I. situam-se na chapada árida na margem esquerda do rio São Francisco uns 30 km do rio. A terra possui riachos e córregos intermitentes. Os colonos trazidos pelo Incra derrubaram a mata variada das Agrovilas, exceto na área da Aldeia Vargem Alegre. Praticam a agricultura em pequenos lotes individuais, de milho, a mandioca, o feijão e o algodão. Alguns criam gado bovino, mas o lote de 14 cabeças do projeto financiado pelo Banco do Nordeste com a intermediação da FUNAI, foi abatido ou vendido em momento de dificuldade financeira. São divididos sobre um projeto de criar cabras. Os Pankaru se sustentam também da venda da mão de obra nas fazendas e na agricultura irrigada, projetos pela CODEVASF e da aposentadoria rural (Estrela 2003).

A Agrovila 19 dos Pankaru é a mais pobre da vilas do projeto do INCRA, o fornecimento de água é precário, e não tem Posto de Saúde nem escola. Aldeia também não tem escola e as condições são péssimas.

Sociedade: Em 2003 a comunidade consistiu de 14 famílias de 87 indivíduos, que vivem em Agrovila 19 e a Aldeia Vargem Alegre, no município de Serra do Ramalho. Famílias Pankaru vivem em Jandira, São Paulo, outra vive em Goiás e sete famílias vivem na margem esquerda do rio em Muquém do São Francisco, BA. Eles têm relações estreitas com os Pankarau, e os Kiriri da Passagem em Muquém e com os Tuxá em Ibotirama, BA, e com os Atikum em Pernambuco. As famílias são autônomas, mas cooperam entre si. O cacique é o representante da comunidade para fora, que atualmente é Alfredo, filho de Apolônio, mas ele não é pajé como seu pai.

Artesanato: As mulheres confeccionam artesanatos feitos de fibras e argila, que vendiam nas feiras de diversas cidades, mas não hoje.

Religião: Os Pankaru praticam o ritual secreto do “Toré”, marca de identidade e resistência cultural. Há duas versões, uma pública sem beber a jurema e sem a participação dos ‘encantados’ e a outra ‘na mata’ com estas.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • ESTRELA, Ely Souza, 2003, ‘Pankaru’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/pankaru.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.