Tingui Botó – Kariri Xocó

David J. Phillips

Autodenominação: Este povo se refere por dois nomes: Xocó e Kariri.

Outros nomes: O nome Tingui-botó foi dado por João Botó, pajé, que seu instalou em Olho d’Água do Meio na década 40. O Tingui (magonia pubescens) é uma arvore cujas folhas eram usadas no acampamento (Mata 1999). Um tipo de timbó é extraído na pesca (Ferreira et. al. 2009.298).

População: 328 (FUNASA 2010), 350 (DAI/AMTB 2010).

Locação: Os Tingui-Botó vivem na comunidade Olho d’Água do Meio, no município de Feira Grande, Alagoas, três km. da cidade e 155 km. de Maceió.

Reserva Indígena Tingui-Botó, AL, é de 535 ha., homologada em 1993, registrada no CRI, tem 326 Tingui Botó (FUNASA 2010).

Reserva Indígena Aconã, AL, de 268 ha. no município de São Brás, 46 mais Tingui-Botó (SIASI/SESAI 2013).

Língua: Português. A comunidade diz que sua língua antiga é o dialeto dzubukuá da língua Cariri (Mata 1999). Karirí-Xocó é língua extinta com quatro dialetos: Kipeá (Quipea), Kamurú (Camuru), Dzubukuá (Dzubucua), Sabujá (Pedra Branca). Outros nomes: Karirí, Kariri Xucó, Kipeá, Xocó, Xokó, Xokó-Karirí, Xukurú, Xukuru Kariri. (SIL). Também é conhecida de Carapató.

História: Os Kiriri eram espelhados pelo avanço da colonização, a maior parte ficaram na Bahia. Uma missão jesuíta demarcou uma légua quadrada (12.320 ha) em 1700 como uma reserva e Dom Pedro II confirmou esta terra. Mas o povo se aliadaram com a rebelião dos Canudos e com a derrota da revolta os Kiriri ficaram dispersados ou mortos. Em 1951 os Kiriri Xokó viviam em um pequeno território de 50 ha. em Porto Real do Colégio (Hemming2003.590). Muitos viviam em dois hectares de mato e trabalharam nas fazendas vizinhas.Eram tratado de ‘caboclos’ até eram reconhecidos como indígenas pela FUNAI em 1980. Em 1983 a FUNAI instalou um Posto e comprou três fazendas para que hoje a comunidade disponha de uma área de 121,1 ha. (Mata 1999). Hoje existe uma escola estadual na aldeia (Sec. da Educação e Esporte, AL). Foi pedido em 2003 a ampliação da área da Terra para 4.419 ha. porque é considerada seu seu território imemorial.

Estilo de Vida: A terra é plantada com batata e está sendo reflorestada. Cultivam milho, feijão e mandioca. A área apresenta poucos animais para a prática das atividades de pesca e caça.

Artesanato: Produzem artesanato de palha, além de cocares, colares e bordunas.

Sociedade: Este povo está no processo de re – etnogênese e recebe reconhecimento como parte dos Kariri Xocó (Ferreira et. al. 2009.298). Para provar sua identidade indígena eles levaram as vestes do ritual da dança toré e proferiram palavras na língua e tiveram de encenar parte do ritual do ouricouri, que é vedado aos não indígenas. Eles consideram isso uma humilhação (Reesink 2004.5).

Religião: Em comum com os outros povos indígenas em Alagoas, os Kariri-Xocó, os Xucuru-Kariri, os Aconã e os Karapotó, os Tingui-Botó praticam o culto às entidades espirituais nos rituais do Ouricuri. Os rituais são um segredo que forma uma parte importante em manter a identidade do indígena e ‘o Ouricuri é como uma volta ao nosso passado’ eles dizem. Os Kariri-Xocó são considerados como o matriz de práticas (Ferreira et. al. 2009.299). O Ouricuri é um pátio ou terreiro sagrado, cercado por mata, e reservado nas suas áreas onde os rituais se realizam. Reflorestam o terreiro para evitar os olhares dos não indígenas. É fora da autoridade do Estado da sociedade dominante e exclusivamente indígena. É o lugar sem luz eléctrica e casas de palha e potes cerâmicas, que representa um retorno do mundo comprometido com os brancos. Aqui eles caçam, cantam e dançam. Antes de ir ao Ouricuri deve estar ‘limpo’, evitar as relações sexuais e as bebidas alcoólicas. Só neste lugar pode o povo ser conhecido verdadeiramente restaurando sua identidade (Ferreira et. al. 2009.300).

A dança do Toré é parte da cultura indígena do Nordeste e é feito pelos homens andando ou correndo em um círculo, cantando e batendo o ritmo com seus pés no chão. Usam fumaça da resina da planta jurema (Mimosa tenuiflora) como alucinógeno.

Cosmologia:

Comentário: A Bíblia é a história da compaixão de Criador interativo para com a humanidade em povos para dar segurança da identidade étnica. Começa com os promessas dadas a Abrão que envolve a nação modelo de Israel e a benção semelhante através Abraão é destinada a todos os povos da terra (Gen 12: 2,3b, Gal 3:8). Estas etnias são descritas com clãs ou famílias estendidas (mishpachahim Gen 12:3;28:14) ou nações (goyim Gen 22:28). A benção é oferecida tanto as sociedades com instituições politicas desenvolvidas, quanto as sociedades pequenas formadas de tradições mais interpessoais. Deus ensinou a justiça nos princípios morais e a fé a que Deus exige das etnias, mas não nas formas contemporâneas da situação de Israel. Isso demonstra que cada sociedade deve ter sua própria aplicação dos princípios conforme sua cultura. Mas a reconciliação com o Criador não está na tentativas falhadas de cumprir a justiça mas na justificação pela graça que Abraão mesmo recebeu de Deus (Gen 15:6; Gal 3:6s). Atos e Gálatas demonstram que os gentios não devem submeter-se ao Judaísmo sob a Lei, mas desenvolver sua própria cultura cristã. O evangelho não só para indivíduos mas providencia uma benção para a etnia que reconhece o Criador.

Infelizmente a sociedade nacional chamada ‘Cristã’ tem demonstrado, na maior parte, um comportamento diabólico que não recomenda a identidade e civilização cristã aos indígenas. Uma etnia deve reconstruir sua identidade baseada na reconciliação com o Criador pela fé no Filho e desenvolver uma cultura étnica mais conforme os princípios bíblicos, integrada com o meio ambiente, independente da ‘bagagem’ de 2000 anos da chamada ‘civilização’ cristã, que não tem nada a ver com o evangelho. Os mensageiros deve ser criativos para separar sua formação nesta ‘civilização’ para encorajar uma cultura cristã indígena.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • FERREIRA, Ana Laura Loureiro, BARETTO, Juliana, MARTINS, Silva A. C., 2009, ‘Realizando etnografia visual entre grupos indígenas em Alagoas’, Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 13, vol 20 (1+2), 2009.
  • HEMMING, John, 2003, Die if You Must: Brazilian Indians in the Twentieth Century, London: Panmacmillan.
  • MATA, Vera Lúcia Calheiros, 1999, ‘Tingui-Botó’ Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo, SP. pib.socioambiental.org/pt/povo/tingui-boto..
  • REESINK, Edwin B. 2004, ‘A felicidade do povo brasileiro: notas sobre a visão do mundo construído no discurso oficial a respeito de etnicidade e nações indígenas no Brasil e os embates de disputa simbólica’, Mneme-Revista Virtual de Humanidades, n. 11, v. 5, jul./set.2004.
  • SIL 2009, Lewis, M. Paul (ed.), Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International. Online version: www.ethnologue.com..